terça-feira, 16 de dezembro de 2008


'' De tudo ficaram três coisas: a certeza que ele estava sempre começando, a certeza que era preciso continuar e a certeza que ele seria interrompido antes de terminar.

Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono, uma ponte, da procura um encontro. ''


Fernando Sabino; O Encontro Marcado

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Não...
eu não quero falar,
não me pergunte como estou,
hoje quero apenas o silêncio,
aquele que faz a verdade aparecer.
Hoje eu quero escolher quem vou ouvir, ou não...


É isso que faz o silêncio da solidão tão mágico...

sábado, 1 de novembro de 2008


Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!


(Martha Medeiros)

O Caminho da Vida


O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.


A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.


Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.


Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.


Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido


(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)


(Charles Chaplin)



Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Por bancos e calçadas '


Deitada nas calçadas e bancos da rua, eu vejo o que você, pessoa de palitózinho nunca consegue ver... eu paro no tempo só para adivinhar desenhos em nuvens, e eu consigo voltar à minha velha e vaga infância, à fim de trazê-la de volta à minha vida, de quando eu ainda não sabia o que era ter a angústia de esperar por alguém que nunca vai vir, e passa rápido, se não é pra vir, não venha, que fique por lá mesmo... ou o que era ouvir discussões atrás da porta e ter escancarado em minha cara o doloroso motivo, mas também passa rápido, aliás se o problema fosse meu, ele chegaria a mim de outra forma mais direta... Deitada no banco da praça, eu sinto o que você não sente, eu sinto os pássaros cantando pra mim, todos numa só canção... Eu sinto as árvores me fazendo sombra e o vento passando pelo meu rosto, entrando pelos meus poros a fim de refrescar minha alma. Nesses bancos e calçadas ,eu consigo sentir um mundo diferente.


Andressa G.

a chuva me trás bons presságios, de vida nova, aquele cheirinho de terra boa, molhada... ela batendo no telhado é o que mais me encanta. Toda a força de renovar e acabar que ela tem sobre a terra.. Renovando a vida, trazendo boas safras, água... e tudo mais o que se tem a oferecer, e acabando com o abafado da cidade, aquele suor quente, sujo, ou se não o fogo que percorre as matas desabitando animais indefesos... A chuva é benção de Deus, o Senhor Altíssimo. Há quem diga que chuva só trás prisão, que não serve pra nada, só pra afundar mais a mágoa e solidão do ser humano. Mentira, ela dá oportunidades para que isso chamado de mágoa e solidão se torne lembrança de um tempo, seja ele bom, ou ruim quem diferencia é os olhos de quem os vê... Mas também há aqueles mais agradecidos, que sabem ver as coisas boas que se encontram nela... Que em um pingo já se alegram comemorando: Chuva, Chuva! Que sentam numa cadeira com vontade de escrever qualquer coisa, não interessa o que seja... é dia de chuva, é dia de paz. De ficar agarradinho com o namorado embaixo do cobertor, de comer pipoca assistindo um filme, ou de dormir até mais tarde esquecendo-se do patrão rabugento e barbudo, aliás quem tem que carregar aquela cara feia todos os dias é ele mesmo, não é, quem sabe com a chuva ele não esqueça-se de si próprio?! A Chuva é feita pra quem sabe o que ela realmente é, para o que ela realmente serve. (Se você não vê, não há como entender).


Andressa G.